Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Meus lagos

Em meio ao que está escuro esqueço-me do meu antes.
Hoje sou tudo que não fui,
e não me desapego do que sempre tive.
Ontem mergulhei num mar de loucuras
e sucumbi a minha própria fraqueza.
Hoje eu sei que minha fraqueza é um estar em mim,
e não vivo mais sem ela.
Mergulho em lagos puros, em lagos sujos,
mas em só um me banhei.
E a essa agonia que percorre minhas veias,
dou o nome de saudade.
E a essa angustia que me consome,
dou o nome de lembrança.
E a essa tristeza que sucumbi,
dou o nome de amor.
Meus versos não são mais felizes e puros.
Hoje sou apenas reflexo de um querer.
Estou acorrentado aos meus abismos,
e caio sempre que tento me segurar em um galho.
Mas irei um dia voar deste abismo
e voltar ao princípio de tudo.
Chegarei até mim novamente.
(Matheus Matos)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Momento Sacro(provisório)

Foi Dédalo quem construiu a vida

Construiu de forma que o Sol derretesse suas muralhas de cera

E caminhássemos sem sapatos

Sobre oceanos de cera quente.

Prometeu, calos e estradas,

Quimeras se fizeram inteiras

Em montanhas e obstáculos,

Portas derradeiras e ósculos ausentes.

Somos favos irrisórios

já pelo fim

e sem flama alguma,

descendentes de labirintos psicodélicos,

Abscessos inflamados,

Alvos fáceis

No jogo de dardos excrementais das hienas sarcásticas.

Somos estátuas de sal

sujeitadas à chuva ácida do instante seguinte,

Rejeitados

a plástica do momento instante,

Seguindo em frente como cadeiras de rodas para atletas cegos.

Foi dédalo a minha vida.

Foi Dédalo quem construiu a vida,

Ícaro inconsequente lançou-se, Teseu, ao mar suicida.

Fui Deus, eu-minotauro, monturo de fada,

Não sei

se agora Egeu ou

Nada...

Edson de Paula

27/08/05

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Busca eterna

E de tanto buscar sem achar,
Meu corpo se cansou,
Buscou, amou, e chorou,
De tanto buscar sem achar.

Percorreu dramas, livros, atitudes,
Suspirou alma, medos, e vergonha,
Mas não trouxe de volta a chama,
De tanto buscar sem achar.

A escolha é um caminho sem volta,
E o caminho pode abrir as portas,
Fazer perder, achar e ganhar,
Fazer sofrer, amar e viver.

Mas de tanto buscar sem achar,
A alma se cansa,
Se rende,
E se entrega novamente,
De tanto buscar sem achar.
(Matheus Matos, 8/04/2006, 10:00)

PANTOMIMA

Quando as pétalas choram gritos de alegria

Quando as ruas transcorrem, céleres, o peito dos navegantes

Quando poesia é o que falta, só resta poesia

Quando cavalos de fogo puxam as rédeas de sonhos galopantes

É onde elfos aparecem

[furtivos]

Por entre as moitas de urze seca

E os pardais,

seres largados do tempo,

Esquecem adjetivos,

Ensinam lições sobre postes de energia elétrica,

observando pela fresta dos confins do mundo

a luz, o alento e o vagabundo

ermando sobre as águas,

errando na peleja chata

por bater na porta errada

e perceber que seu mapa astral está invertido.

Divertido é rumar à outra pátria:

Quando...

O tempo é de olvidar

O tempo é desmembrar

as vezes

esquecer a dor

ao pisar em cacos de vidro

...

01/09/05

Edson de Paula